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sexta-feira, abril 03, 2015

Análise: Castlevania Lords of Shadow


Bem-vindos a um novo Castlevania
Lords of Shadow é um jogo da série Castlevania, lançado em 2010 para a Xbox 360, PS3 e PC como parte de um reboot da série. Publicado pela Konami, mas desenvolvido fora desta pelo estúdio Mercury Steam que, pela primeira vez, estava a produzir um jogo da série. Sendo este facto um pouco óbvio, bastando apenas olhar para o estilo de gameplay do jogo. Este estilo é mais parecido com um jogo de God of War do que outra coisa, sendo um… “pouco” diferente do normal da série. Mas será este diferente o suficiente para se destacar não só como um jogo da série mas também como um bom jogo em geral?
Ora, se viram o meu último artigo, podem talvez ter uma pequena ideia do que se vai seguir nesta análise mas, de qualquer das formas, decidi que para este especial da série Castlevania era importante ver algum do passado e presente desta.


Contra os Lordes das Trevas
Quando a história começa, o protagonista, Gabriel Belmont, está numa missão da sua ordem, a Ordem da Luz, para descobrir o que está a causar a escuridão que separa o mundo dos céus. Somos guiados até um local onde descobrimos que o mundo só pode ser salvo derrotando os Lordes das Trevas, isto adquirindo o poder dos mesmos, segundo uma profecia. Quem nos alerta para tal profecia é a mulher de Gabriel, a qual foi morta pelas forças das trevas. Gabriel vê nesta jornada não só uma oportunidade de vingar a morte da sua amada, mas também como uma forma de a reviver com o poder conseguido, isto de acordo com mais informação dada por um membro da ordem, Zobek, que ajudou Gabriel na sua última batalha e se oferece para ajudar Gabriel na sua jornada.
A história é contada na maior parte através de narrações feitas por Zobek, que segue Gabriel na sua viagem. Verdade que eu gosto muito de ouvir a voz de Patrick Stewart, mas ao final de algum tempo estas narrações tornavam-se um pouco irrelevantes, chegando ao ponto de parecem uma forma um pouco preguiçosa de mostrar progressão na personagem de Gabriel. A história em si não é nada demais, não foi do pior que já vi, mas contém alguns momentos um pouco… hmm… como é que hei-de dizer… bem, supérfluos. E por favor, nalgumas missões e momentos do jogo podiam ter diminuído as falas das personagens, fica irritante ao fim de algum tempo a explorar uma zona ouvir o mesmo personagem repetir-se uma e outra vez, e outra vez, e outra vez…
No final da história fiquei incrivelmente desapontado que tenham passado a perna aos jogadores, com o “verdadeiro” final da história do jogo remetido os DLC’s. Do estilo, A SÉRIO?! Quem não o tenha jogado vai ficar um pouco à nora com a última cutscene do jogo.


Não sei bem se Castlevania
O gameplay do jogo é provavelmente bastante familiar para quem já tenha jogado um God of War, dado que é bastante influenciado por este. A nossa arma principal é ao menos o chicote conhecido da série, o Vampire Killer, e podemos usa-lo com um ataque forte, mas focado para a frente, e com um ataque mais fraco, mas com uma área de ataque maior à volta do personagem, podendo-se incluir alguns combos à mistura com estes. Nada de especial, mas é eficaz. Junta-se um pouco de salto para algum platforming do jogo e uma defesa e desvio. Para ajudar, temos ainda uns itens opcionais para atacar os inimigos, e, embora um ou outro seja às vezes útil, posso dizer que muitas vezes não são muito necessários, mas estão lá como possíveis opções. Quando conseguimos fazer vários ataques sem receber dano, é possível encher uma barra que faz os inimigos libertarem bolas que recuperam uma outra grande parte do gameplay, que são as duas magias que podem ser usadas por Gabriel. Estas convenientemente chamadas Light e Shadow magic, quando em uso com os ataques, uma cura-nos e a outra tira mais dano, sendo também possível desbloquear movimentos para combinar com as magias, mas a maior parte das vezes parecem um pouco inúteis pois consomem muita energia que pode ser útil na sua forma mais básica na batalha. Digo isto porquê? Bem, porque a maior parte dos inimigos do jogo têm estratégias muito básicas e repetitivas, o que torna o gameplay um pouco aborrecido.
Sim, a variedade de inimigos nem é má, mas as suas estratégias são muitas vezes similares e pouco apeladoras. E nem vamos falar dos bosses, se não têm o mesmo problema que os inimigos normais, então são dos bosses mais secantes e frustrantes que já vi. Isto porque a maior parte são uma festa de QTE's (quick time events) e nada mais. Sim, eles são grandes...umas grandes secas.
Falando em QTE's, a maior parte do progresso dos níveis parece incrivelmente automático. Digamos assim, a maior parte das áreas são muito limitadas em termos de controlo da personagem. Quando temos esse controlo, este parece incrivelmente preso, o que não dá vontade nenhuma de explorar os níveis, que têm alguma oferta neste campo, mas nada de especial. A pior parte é quando o jogo demora a perceber que a câmera, que é fixa, mudou de posição e o personagem ainda está com o controlo da outra câmera, levando a algumas quedas estúpidas. Como é possível ver, os níveis em si não são dos melhores, uma das formas para os tornar interessantes é o uso de puzzles, mas até alguns destes são um pouco aborrecidos e ainda algumas vezes não são bem explicados. Aliás, o jogo às vezes tem a tendência de explicar coisas que talvez não precisasse, mas deixas outras passar por completo. Mas as piores partes destes níveis são uma forma de dificuldade que me irrita, que o jogo repete mais que uma vez e é um forma incrivelmente preguiçosa de o fazer, que consiste em remover os teus poderes e obrigar-te a procura-los (novamente) numa secção do nível. Pois, porque procurar upgrades para esses poderes é uma diversão tão grande que vamos obriga-los a procura-los novamente em vez de pensar em mais formas de desafiar o jogador com todos os poderes…
O que me desaponta mais disto tudo é que a maior parte do que o jogo oferece já foi visto de uma forma outra e não traz nada de novo para o jogo. Caso isto fosse bem feito, o resultado nem seria mau, mas neste caso não é bem assim.


Oh! O Castelo! E... e... e ali vai ele...
Bem, visualmente, não posso dizer que o jogo seja feio, os gráficos estão bons e o estilo não está muito longe do que eu considerava Castlevania. Mesmo que, infelizmente, o tempo que passamos nele seja muito curto, quando este aparece quase que parece que estamos a jogar um Castlevania. Se bem que mesmo que os visuais estejam bem, dispensava as cutscenes que ocupam uns poucos segundos do que às vezes são apenas corredores. “Eu sei, é bonito, agora deixem-me avançar...”
O mesmo não posso dizer da música, mesmo que atmosférica e dentro do tema, é muito monótona para ser considerada boa. Sem melodias memoráveis, a música é apenas passível.


A chicotada final
Quando penso que este jogo representa o que agora é suposto ser Castlevania, fico triste, sinto que uma parte icónica do mundo dos videojogos acabou… Um gameplay decente, mas esgotado e um pouco aborrecido com falta de alguns retoques. Uma história assim-assim, mas que tem algumas falhas e com um visual apelativo mas uma banda sonora fraca. Deixa uma experiência com muito a desejar. Não quer dizer no fundo que é um jogo mau, mas é uma sombra do que o melhor do franchise já teve.
No final, consigo recomendar o jogo apenas a um curioso ou a quem favorece facilmente um gameplay do estilo God of War, pois vão conseguir desfrutar um pouco deste.

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